Cátedra de Mármore
Cátedra de Mármore
Se o desígnio do romance contemporâneo é o da libertação das palavras, ele terá porventura presidido na urdidura daquele em cuja presença se coloca o leitor.
A figura omnipresente do professor Floriano Neves, cujo próprio nome remete para a personalidade ambivalente que oscila entre o despontar insistente das suas memórias de infância e a figura grotesca que o tempo delapidou acrescentando-lhe a beleza de uma natureza dormente, carrega consigo a singularidade do olhar inocente e sábio. E Floriano personifica no seu destino o cativeiro que despertam todas as interrogações para que não há respostas, a decrepitude para que os saberes não ousam ter solução, a ira que despertam as afrontas em nome do conhecimento. Herói de sempre que se submete na sua miséria à insensatez do gáudio, ao desvario de quantos lhe roubam a superioridade como pessoa para a exibirem nos excessos patéticos de um palco efémero.
Cátedra de Mármore não será um romance qualquer.